O Autor
Caricaturista, jornalista, diplomata e romancista, Aluísio Tancredo
Gonçalves de Azevedo era filho de vice-cônsul português. Nasceu em São
Luís do Maranhão em 1857 e faleceu em Buenos Aires, em 1913. Durante a
mocidade, estudou e trabalhou, como caixeiro e guarda-livros, em sua
cidade natal, período em que já revelava interesse por desenho e
pintura, cujas técnicas empregaria na caracterização dos personagens de
seus romances. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1876, juntando-se ao
irmão mais velho, o comediógrafo Arthur de Azevedo (1855-1908).
O Cortiço é considerado seu melhor romance. Foi escrito pouco antes de o autor
decidir abandonar a literatura e dedicar-se exclusivamente à atividade
diplomática. A obra, mais do que contar a história dos personagens,
trata da ambição e exploração do homem pelo homem, por meio da
rivalidade entre o ganancioso comerciante João Romão e o próspero
comendador Miranda. Enquanto João Romão aspira à riqueza, Miranda, já
rico, ambiciona a fidalguia. Entre os dois está a gentalha. E o próprio
cortiço.
Vamos ao resumo?
O romance segue claramente duas linhas mestras em
seu enredo, cada uma delas girando em torno de um imigrante português. De um
lado temos João Romão, o dono do cortiço, do outro Jerônimo, trabalhador braçal
que se emprega como gerente da pedreira que pertence ao primeiro.
João Romão enriquece às custas de sua obsessão pelo
trabalho de comerciante, mas também por intermédio de meios ilícitos, como os
roubos que pratica em sua venda e a exploração da amante Bertoleza, a quem
engana com uma falsa carta de alforria. Ele se torna proprietário de um
conjunto de cômodos de aluguel e da pedreira que ficava ao fundo do terreno.
Aumenta sua renda e passa a se dedicar a negócios mais vultosos, como
aplicações financeiras. Aos poucos, refina-se e deixa para trás a amante.
Miranda, comerciante de tecidos e também português,
muda-se para o sobrado que fica ao lado do cortiço. No início disputa espaço
com o vizinho, mas, aos poucos, os dois percebem interesses comuns. Miranda tem
acesso à alta sociedade, posição que começa a ser almejada por João Romão,
este, por sua vez, tem fortuna, cobiçada pelo comerciante de tecidos que vive
às custas do dinheiro da esposa. Logo, uma aliança se estabelece entre eles.
Para consolidá-la, planeja-se o casamento entre João Romão e a filha de
Miranda, Zulmira. João se livra de Bertoleza, devolvendo-a aos seus antigos
donos.
Jerônimo assume a condição de gerente da pedreira
de João Romão e passa a viver no cortiço com a esposa Piedade. Sua honestidade,
força e nobreza de caráter logo chamam a atenção de todos. No entanto, seduzido
pela envolvente Rita Baiana, assassina o namorado desta, Firmo. Jerônimo abandona
a esposa e vai viver com Rita. Entra então em um acelerado processo de
decadência física e moral, assim como sua esposa, que termina alcoólatra.
A decadência atinge também outros moradores do
cortiço. É o caso de Pombinha, moça culta que aguardava a primeira menstruação
para se casar. Seduzida pela prostituta Léonie, abandona o marido e vai viver
com a amante, prostituindo-se também.
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